Teses PPGHIST/UEMA
2025
Carlos Eduardo Penha Everton
Produto: Histórias de um mestre Tentehar-Guajajara no sertão maranhense: memórias de um homem de 130 anos
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Alan Kardec Gomes Pachêco Filho (PPGHIST/UEMA)
Profa. Dra. Helidacy Maria Muniz Corrêa (PPGHIST/UEMA)
Profa. Dra. Sannya Fernanda Nunes Rodrigues (UEMA)
Prof. Dr. Romário Sampaio Basílio (PPGHIST/UEMA)
Profa. Dra. Soraia Sales Dorneles (PPGHIS/UFMA)
RESUMO: Esta pesquisa tem como objetivo fundamental analisar os projetos educacionais assimilacionistas introduzidos entre os Tentehar-Guajajara no centro-sul maranhense, nas primeiras décadas da República (1890 a 1940) e debater, no âmbito dessas ações, suas bases ideológicas, trajetória histórica, características gerais do funcionamento das ações implantadas e seus desdobramentos em meio às agências dos indígenas daquela etnia. A partir desta pesquisa convencionou-se denominar tais empreitadas como parte de dois projetos. O primeiro, em uma ordem cronológica, é nomeado no trabalho como cristão-civilizatório (a cargo da Ordem Capuchinha) e está centrado nas relações entre religiosos e a etnia pesquisada, embora reconheça a grande importância da perspectiva econômica ali posta, com o pressuposto dessas ações como caminho para incorporação dos indígenas ao sistema capitalista em através de uma forma comum de exploração, produzindo excedentes a partir de seu sobre trabalho, supostamente devendo ser remunerados em dinheiro, incorporando ritmos de trabalho estipulados externamente, possuindo noção de propriedade individual e não coletiva, por exemplo. O segundo projeto, chamado de nacional-civilizatório (sob a gestão do Serviço de Proteção aos Índios, o SPI), no aspecto da apropriação do fruto do trabalho de outrem, mantém a característica similar, porém em novo cenário e sob uma outra perspectiva política, social e ideológica, em razão de suas articulações às conjunturas específicas à ordem republicana mais voltada a uma outra forma de integração dos povos indígenas ao corpus social “nacional”. Em cada cenário dessas empreitadas, foram analisadas as documentações acerca das definições sobre política indigenista no Brasil e no Maranhão, compreendendo o recorte temporal entre as décadas de 1890 e 1940. Ao mesmo tempo, considerando a pesquisa ser oriunda de um Programa de Pós-Graduação Profissional, bem como a importância da Lei no11.645/08 e, sobretudo, como parte dos estudos e investigações realizados sendo direcionados a um fim prático, da sala de aula, desenvolveu-se uma ferramenta didática para o ensino de História (indígena, sobretudo): um romance histórico ambientado na cosmovisão do Povo Tentehar- Guajajara. Embora pensado para esse fim e preferencialmente voltado ao ambiente escolar, esse produto poderá (e deverá) ser utilizado não apenas em escolas indígenas ou não indígenas, mas por quaisquer públicos interessados na temática. Essa obra resulta, simultaneamente, da vivência do autor na região centro-sul do Maranhão, de sua experiência docente no Instituto Federal do Maranhão (IFMA/Campus Barra do Corda) e no compartilhamento de experiências e diversos aprendizados com os povos indígenas dessa espacialidade, em particular os Tentehar- Guajajara. Nessa “ficção-histórica”, extrapolando o enredo em si (que retrata o corte temporal abordado na pesquisa), são debatidos, com sutileza e profundidade, conceitos e categorias também presentes na tese, com o intuito de provocar reflexões e questionamentos acerca da história indígena no Maranhão, especificamente considerando o enfoque deste trabalho.
Palavras-chave: Ensino de História; Tentehar-Guajajara; República; Projetos assimilacionistas; Sertão maranhense; Capuchinhos; SPI.
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Antônia de Castro Andrade
Tese: Ensino de história sobre a escravidão negra no sertão sul – maranhense na segunda metade do século XIX disponibilizada em portal educativo
Produto: website Docsul: escravidão negra no sertão sul-maranhense
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Yuri Michael Pereira Costa (Orientador) (PPGHIST/UEMA)
Prof. Dr. Raimundo Inácio Souza Araújo (PROFHISTÓRIA-UFMA)
Profa. Dra. Raíssa Gabrielle Vieira Cirino (PROFHISTÓRIA-UFMA)
Profa. Dra. Elizabeth Sousa Abrantes (PPGHIST/UEMA)
Profa. Dra. Tatiana Raquel Reis Silva. (PPGHIST-UEMA)
RESUMO: O presente trabalho estuda as relações que escravizados/as estabeleciam entre si e entre livres e libertos/as, nos sertões de Pastos Bons, no sul do Estado do Maranhão, na segunda metade do século XIX. O estudo mostra como o ensino de História tem acompanhado essas questões. Apesar dos avanços que os debates sobre a historiografia que trabalha a escravidão negra tenham alcançado, nas últimas décadas, ainda há narrativas escolares em que os/as escravizado/as são vistos/as e retratados/as apenas como mercadorias/coisas que viviam imersos/as em relações pautadas, exclusivamente, na violência, principalmente a física. No esforço de apresentar outras leituras sobre a escravidão negra nos sertões sul- maranhenses, a pesquisa em documentos históricos se mostra de grande valia. Aponta perspectivas que podem ajudar a problematizar as metodologias de ensino e aprendizagem sobre as pessoas escravizadas. Além da violência, suas vidas também eram marcadas por estratégias de resistência que os/as possibilitavam criar diversas formas de (re)existirem. Esta tese subsidia o produto educacional website Docsul: escravidão negra no sertão sul- maranhense, onde educando, educadores/as e pesquisadores/as tem acesso a textos, documentos e atividades relacionadas com a dinâmica do cotidiano de homens e mulheres escravizados/as dos sertões sul-maranhenses no século XIX.
Palavras-chave: Escravidão. Sul-maranhense. Ensino. Website Docsul.
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Nila Michele Bastos Santos
Produto Técnico Tecnológico: MARIQUINHAS: crime e resistência feminina na São Luís do Maranhão de 1873
Banca Examinadora:
Prof. Dra. Elizabeth Sousa Abrantes (PPGHIST/UEMA)
Prof.a Dr.a. Cintia Lima Crescêncio (PPGCHS/ UFABC)
Prof.a Dr.a. Mary Angélica Costa Tourinho (PROFHISTÓRIA/UESPI)
Prof. Dr. Yuri Michael Pereira Costa (PPGHIST/UEMA)
Prof. Dr. Jakson dos Santos Ribeiro (PPGHIST/UEMA)
RESUMO: O presente estudo visa investigar a agência feminina em busca de justiça diante de um dos crimes mais notórios da capital maranhense no século XIX. Transposto para a historiografia como o Crime do Desembargador Pontes Visgueiro, o assassinato de Maria da Conceição, conhecida como Mariquinhas, tornou-se objeto de análise de juristas e escritores. Isso se deve, principalmente, ao ineditismo do processo, que representa, conforme as fontes, a primeira ocasião no império brasileiro em que um desembargador foi processado por homicídio de uma mulher de “status inferior”. Do ponto de vista político e social, o crime foi comumente narrado tendo como protagonista exclusivo o agressor: um homem branco, rico e de grande prestígio. Nossa proposta, entretanto, é reconstruir uma história que revaloriza não apenas o “ponto de vista” da vítima — Mariquinhas, sistematicamente difamada ao longo do tempo —, mas também evidenciar a perspectiva das mulheres que foram as pioneiras na investigação de seu desaparecimento. Essas mulheres, também vítimas de uma sociedade patriarcal, hierárquica e escravista, foram historicamente ignoradas por uma historiografia tradicional, machista e androcêntrica, mas que agora emergem como protagonistas centrais desta tese. Metodologicamente, seguiremos as contribuições da micro-história, tendo como base o paradigma indiciário e a descrição densa como pontos de partida. Através da microanálise, almejamos alcançar um panorama mais amplo daquela época, contestando a passividade e subserviência comumente atribuídas às mulheres do passado. Como produto didático, optamos pela produção de uma graphic novel, caracterizada por uma narrativa longa e densa, direcionada a um público mais maduro. O público-alvo, voltado para a educação básica, possui classificação etária para maiores de 14 anos. O objetivo central foi elaborar um roteiro verossímil e empático, enfatizando, por meio da linguagem gráfica dos quadrinhos, o papel de destaque da vítima e das mulheres que lutaram para solucionar e punir o criminoso. Acreditamos que o produto didático pode funcionar como ferramenta de encorajamento e empoderamento para meninas e mulheres que, ainda hoje, enfrentam diversas violências de gênero. Além disso, contribui para uma educação voltada ao combate ao machismo e ao patriarcalismo que sustentam essas violências.
Palavras-chave: Ensino de História; Violência de gênero; Mariquinhas; Pontes Visgueiro; Graphic Novel
2024
Evelanne Samara Alves da Silva
Produto Técnico Tecnológico: VOVÓ ME DISSE QUE ISSO TAMBÉM CURA!
Banca Examinadora:
Profa. Dra. Márcia Milena Galdez Ferreira (orientadora – PPGHIST/UEMA)
Prof. Dr. Jakson dos Santos Ribeiro (Examinador Interno – PPGHist/UEMA)
Profa. Dra. Cecília Maria Chaves Brito Bastos (Examinadora Externa – PROFHist/UNIFAP – PPGH/UNIFAP)
Profa. Dra. Ana Cristina Rocha Silva (Examinadora Externa – PROFHist/UNIFAP)
Profa. Dra. Viviane Oliveira Barbosa (Examinadora Interna – PPGHist/UEMA)
RESUMO: Esta tese tem como intuito apresentar práticas de curas entre mulheres em Oiapoque – AP, para propiciar um eletronic book (e-book), em Portable Document Format (PDF), como Produto Educacional, que considere práticas culturais populares de cura, não sublinhadas em uma cultura escolar de viés colonialista. O estudo busca instigar o refletir sobre o local/regional e o lugar dos saberes dos subalternos na educação escolar e para o ensino de História, por meio de um livro em formato digital de literatura juvenil chamado “Vovó me disse que isso também cura!”. Apresenta-se como lócus para pesquisa que resultou ao Produto Educacional, o espaço compreendido entre Amapá (Brasil) e Guiana Francesa (França), como ponto de interações étnicas singulares. Práticas de cura populares englobam puxações, interdições alimentares, benzimentos, rezas, aconselhamentos, indicação e confecção de remédios e outros, abarcando uma pluralidade de modos de fazer e de conceber o mundo. São de gênese múltipla, resultantes de interações étnicas e recriações culturais e estão dissipadas entre parteiras, benzedeiras, curandeiras, descendentes de povos que vivem e chegaram ao município de Oiapoque, independente dos demarcadores físicos que limitam a fronteira. A pesquisa qualitativa para o estudo englobou coleta e análise de fontes documentais e entrevistas semiestruturadas com mulheres curandeiras, para a compreensão sobre práticas de cura, aplicação de questionários com professores do Ensino Médio para formatação do Produto Educacional, além de pesquisa bibliográfica. O estudo permitiu reflexões sobre uma perspectiva decolonial para a educação que evidencie os saberes populares.
Palavras-chave: Educação Decolonial. Ensino de História. Memória. Oiapoque. Práticas de cura.